Hoje, sexta-feira, 9, na Capela Sistina, o papa Leão XIV celebrou sua primeira missa como sucessor de Pedro, um momento carregado de simbolismo, solenidade e esperança para toda a Igreja. Diante do Colégio de Cardeais e de fiéis reunidos nesse lugar tão representativo da tradição e da beleza espiritual católica, o novo pontífice traçou as linhas centrais do seu ministério com uma homilia profundamente bíblica, teológica e pastoral.
Partindo da profissão de fé de Pedro – “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo” (Evangelho segundo Mateus, capítulo 16, versículo 16), o papa sublinhou que esta verdade é o centro da missão da Igreja há dois mil anos. Jesus Cristo é o Salvador, o Filho do Deus vivo, aquele que revela o rosto do Pai e oferece à humanidade um caminho de vida eterna.
A homilia refletiu também sobre o papel da Igreja como portadora de um “tesouro” que não pertence a ela, mas que lhe foi confiado por Deus: o Evangelho. O papa se apresentou como servo desse mistério, chamado não a dominar, mas a administrar com fidelidade e humildade esse dom, para que a Igreja seja, mais do que por suas estruturas visíveis, reconhecida pela santidade de seus membros.
Em uma leitura da passagem bíblica que une o contexto da Cesareia de Filipe à pergunta de Jesus – “Quem dizem os homens que é o Filho do Homem?” (Evangelho segundo Mateus, capítulo 16, versículo 13), o papa identificou dois tipos de resposta que ainda ecoam no mundo de hoje. A primeira é a de um mundo indiferente ou hostil, que considera Jesus irrelevante ou incômodo. A segunda é a de pessoas que o admiram como um mestre ou profeta, mas não o reconhecem como Filho de Deus – e por isso o abandonam no momento da cruz.
A homilia, com forte apelo missionário, apontou a urgência de evangelizar uma sociedade que sofre por não conhecer o verdadeiro Cristo. A descrença, observou o papa, está ligada à perda do sentido da vida, à crise da família e à negação da dignidade humana. Nestes contextos, muitas vezes hostis à fé, o papa conclamou a Igreja a proclamar com coragem e alegria: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
Com humildade pessoal, o papa Leão XIV dirigiu a palavra também a si mesmo, lembrando que seu serviço à Igreja deve ser um desaparecer para que Cristo apareça – citando a expressão de João Batista: “É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Evangelho segundo João, capítulo 3, versículo 30). Inspirando-se em Santo Inácio de Antioquia, que via o martírio como expressão de discipulado, o novo papa encerrou sua homilia pedindo a graça de viver sua missão com entrega total, sob a intercessão de Maria, Mãe da Igreja.
Fonte: VEJA